Um ser Divino
Enrolou-se na luz do sol
E fez-se noite dentro de si
Saiu do sonho e lavou-se
Pousou a luz dos olhos
E ofereceu ao céu um abraço
Um abraço feito de um chão vermelho
Era a sua oferenda...o seu tempo
Que dava em troca do clarão que o iluminou
Ajoelhou-se...recebeu em si os gritos do mundo
Superou o arfar da alma...era livre
Enfeitou-se depois com todas as encruzilhadas
Estremeceu com a sua nudez.
Abraçou o mundo...
Encheu os olhos com o clarear vertiginoso do firmamento
Era seu o tempo...
Quis ser qualquer coisa
Talvez uma sequóia...ou uma fagulha azul
Ofereceu-se todo inteiro...adejando ao vento
Como uma bandeira feita de gritos nus
Escutou-se...brilhava em si um clarão trovejante
Era a espuma do firmamento
Desceu solenemente de si
Atravessou a espessa fronteira dos mundos...fez-se trovão
Queria esquecer que existem sopros que podemos tocar
Arrependimentos feitos de palha dourada
Que não podemos oferecer
Vertiginosas asas invisíveis que rasgam sóis de ferro
Deixou de ser dele...
Perdeu o olfacto que habitava nas frestas da alma
Os dias eram agora negras poalhas loucas
Assimétricas aves espumantes
Pomposos desamparos
Escutas de ancestrais planícies...horizontes solitários
Rasgou-se como uma carta que carrega más notícias
Cestos de memórias empacotadas
Emergiu...submergiu...dançou
Abraçou a luz e a água
Era agora um ser Divino!