Uma absurda visão de ti
Não é para ti que escrevo
Não é por ti que que dissolvo
És apenas um farejar longínquo
Uma folha morta...uma lúgubre visão
És uma espécie de vala
Onde tomba o caos de um distante tempo
O teu rosto já não cai dos céus
Já não é o canto elegíaco da saudade
Já não és a celestial criatura
Que me afagava os espinhosos atalhos da amor..
Distraí-me de ti...rasguei as minhas asas de cera
Já não sou o teu voo nocturno
Sou agora o voo extinto...o desabraço...o vazio
E tu...és a carícia em putrefacção
A profundeza onde se esconde a solidão
O olhar míope do fogo extinto
O cheiro que morre num derrame de águas turvas
Já nada de ti me resta...talvez...talvez
Sejas uma pedra que se mistura com sangue...
Ou um subterrâneo semeado de aves de rapina
Onde vive uma absurda visão de ti...