Terra arrefecida
Por vezes o amor
É um itinerário de corpos sonâmbulos
Tempo e túmulo de festas e agonias
Desterro de prazeres...desencontro de alegrias
Línguas fendidas sobre a pele arrepiada
Quem O entende sabe o que é a boca seca
Conhece essa sombra transitória
Que se solta do vazio...esse labiar vão
Que se movimenta como um ardor cintilante
Ou um mar cavado num chão hostil
Mas também conhece todos as gelatinas do corpo
Todas as areias onde nos espraiamos
Todos os veludos que se escondem dentro do sexo
Dor de noites amantes
Luas oblíquas que espreitam os corpos estendidos...
Sob a penumbra da praia
Solta-se a pele em chamas
Arde o peso do medo
Tudo é uma distensão de agora...
Viemos em barcos que repetem rumos distantes
Para lá de nós havia um medonho silêncio
Um pairar de ave sobre um cometa líquido
Uma areia onde nos dissolvíamos
Como seda amanhecida
Corpo feito de noite
Dor estendida sob uma língua quente...
E o coração pesava..pesava
Como uma terra arrefecida para além de nós!