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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Terra arrefecida

Por vezes o amor

É um itinerário de corpos sonâmbulos

Tempo e túmulo de festas e agonias

Desterro de prazeres...desencontro de alegrias

Línguas fendidas sobre a pele arrepiada

Quem O entende sabe o que é a boca seca

Conhece essa sombra transitória

Que se solta do vazio...esse labiar vão

Que se movimenta como um ardor cintilante

Ou um mar cavado num chão hostil

Mas também conhece todos as gelatinas do corpo

Todas as areias onde nos espraiamos

Todos os veludos que se escondem dentro do sexo

Dor de noites amantes

Luas oblíquas que espreitam os corpos estendidos...

 

Sob a penumbra da praia

Solta-se a pele em chamas

Arde o peso do medo

Tudo é uma distensão de agora...

Viemos em barcos que repetem rumos distantes

Para lá de nós havia um medonho silêncio

Um pairar de ave sobre um cometa líquido

Uma areia onde nos dissolvíamos

Como seda amanhecida

Corpo feito de noite

Dor estendida sob uma língua quente...

E o coração pesava..pesava

Como uma terra arrefecida para além de nós!