Pergunta-me se te amo
Queria repousar e deitei-me sobre a terra
Condenei os meus suspiros a submergirem
Tapei-me com uma tarde fria
Maltratei todas as aves e todas as flores...fui hediondo
Mas não sabia como rasgar os trajes desabitados
Eu era o último pensamento
Era o despedaçar de subterrâneos desconhecidos
Saltitar de cinza sobre ruínas...
Sei que não há nada como o mar
Que lá a voz não tem caminhos..é livre
É como uma pluma que oculta a mágoa
Um rosto que perdeu a guerra..
Uma máscara que emergiu de um clamor indefeso
Desolada convicção de amor...
Entra...não estranhes a casa...sobe
Desaba comigo...pergunta-me pelas aves de rapina
Pergunta-me pelos lençóis que não tenho
Pelo sangue que não derramo
Pela paisagem desaparecida...
Faz-me as perguntas mais absurdas
Aquelas para as quais não tenho resposta
Pergunta-me se te amo...
Mistura os teus pés com os meus
Descalça o coração...mostra o rosto
Rasga-te em mil fanicos
Cobre-te de melancolias...besunta-te com mel
Quero sorver-te...sangrar
Existir dentro do teu ventre...ser o teu suspiro quente
Quero ser tudo isso
corpos misturados sobre um chão em ruínas...
Onde a madeira do soalho
Que acompanha os nossos gemidos
Goze como nós...sejamos tudo!