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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Praias solenes

Para lá de mim existe

A fome dos corpos inacessíveis

Contornos de pálpebras brancas

A perda de tempo

O relógio parado em todos os lugares da vida.

 

Para lá de mim estão as sombras

Que se erguem num vagar vigilante

Como uma lua enfurecida...nua

Estremecendo junto às árvores tatuadas...amo-te

 

Enxertos de marés vêm juntar-se às insónias

Como ácidos....gases....caímos na corola da noite

Vulcões explodem na lua coberta de abelhas

Nas inquinações de subterrâneos esfomeados

Sobrevivemos devagar

Alarmamos as imagens

Bebemos as circunstâncias...crescemos

Dormimos sobre o coração

Somos a metamorfose da alma

Um espírito tatuado pelos dias

Plantas crescem sobre as ruínas

O luar prateia a água...luz e pele

Olhos alvos espreitam fotografias de manhãs desgastadas

Lugares onde esquecemos os corpos

Enxertada chuva subindo passeios

Inundando a pele arrepiada das pedras

E nós cantamos sentados sobre um espaço desfocado

Murchamos como plantas vazias

Aspiramos rostos

Imagens flácidas de cidades em embrião

E bebemos...bebemos ácidos corrosivos

Alternamos a alucinação com a obsessão

Existindo numa loucura pesada...territorial

Rua e pele vazias

Vidrado de chumbo descolorido...devastação morna

Até onde iremos?

Em que corpo habitará o nosso veneno?

Que quedas devastaremos?

Até que a viagem purificante

Elimine dos nossos poros o azedume

E possamos ser mares acordados

Navegando ao encontro de praias solenes...