O pescador
Um pescador cose a rede
as carpas saltam
no rio.
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Um pescador cose a rede
as carpas saltam
no rio.
Para lá de mim existe
A fome dos corpos inacessíveis
Contornos de pálpebras brancas
A perda de tempo
O relógio parado em todos os lugares da vida.
Para lá de mim estão as sombras
Que se erguem num vagar vigilante
Como uma lua enfurecida...nua
Estremecendo junto às árvores tatuadas...amo-te
Enxertos de marés vêm juntar-se às insónias
Como ácidos....gases....caímos na corola da noite
Vulcões explodem na lua coberta de abelhas
Nas inquinações de subterrâneos esfomeados
Sobrevivemos devagar
Alarmamos as imagens
Bebemos as circunstâncias...crescemos
Dormimos sobre o coração
Somos a metamorfose da alma
Um espírito tatuado pelos dias
Plantas crescem sobre as ruínas
O luar prateia a água...luz e pele
Olhos alvos espreitam fotografias de manhãs desgastadas
Lugares onde esquecemos os corpos
Enxertada chuva subindo passeios
Inundando a pele arrepiada das pedras
E nós cantamos sentados sobre um espaço desfocado
Murchamos como plantas vazias
Aspiramos rostos
Imagens flácidas de cidades em embrião
E bebemos...bebemos ácidos corrosivos
Alternamos a alucinação com a obsessão
Existindo numa loucura pesada...territorial
Rua e pele vazias
Vidrado de chumbo descolorido...devastação morna
Até onde iremos?
Em que corpo habitará o nosso veneno?
Que quedas devastaremos?
Até que a viagem purificante
Elimine dos nossos poros o azedume
E possamos ser mares acordados
Navegando ao encontro de praias solenes...