A rapariga
A rapariga leva o cão pela trela
a rua está vazia
por detrás de uma vidraça
alguém espreita.
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A rapariga leva o cão pela trela
a rua está vazia
por detrás de uma vidraça
alguém espreita.
Lembro-me das portas ocultas
Do verniz abandonado sobre as unhas...de paisagens
Pequenas coisas que a minha memória persegue
Produzindo silvos agudos e estreitos
Lembro-me dos teus dedos soltos sobre o vento
Acariciando os meus cabelos voláteis
Respirávamos ar antigo
Penumbra de vómitos na madrugada
Dispersões de haxixe
Num pequeno espaço imitávamos o tempo
Sabíamos que nunca mais lá voltaríamos
Abandonámos os nossos rostos à nostalgia
Ao misterioso silvo que ecoava num vento distante
Esperámos que as areias sossegassem
Que tudo se acalmasse...que a noite viesse
Até que os nossos corpos se desprenderam
E se elevaram como máscaras ao vento
Dentro de mim ressoa ainda aquele marulhar das ondas
Aquela memória encoberta
Aquela cinza que se sente na espera
E de derrama por entre os canteiros de flores
Sabedoria de borboletas
Recomeçar de certezas absolutas
Não há quartos onde dormir
A rua suspira por nós...afastemo-nos
Persigamos os corpos golpeados pelo prazer
As sílaba movem-se
As paisagens respiram através de todos os rostos...
E nós...corpos estreitos na solidão purificada das palavras
Abraçamo-nos!