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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Em cada homem há uma dor

Para onde quer que olhes vês uma imagem

Um irrefletido écran paranoico

uma patine terrosa

Na cidade fresca sentas a pele coagulada

Adormeces sob um alarmante meridiano

Secretas ruas acompanham-te

Lâminas de suor escorrem da febre..é a insónia

Há um homem em cada dor

Uma saída em cada buraco

Um cheiro falso a naftalina

Estás morto

A tua decomposição tem ciúmes dos corpos esbeltos

Nos prédios lívidos

Escondem-se madrugadas fascinantes

Gritos grisalhos ecoam na lividez das ruas

Memórias ensanguentadas

Crescendo em direcção ao pânico

Fogo preso ao fundo do rio

Por debaixo da cidade há uma pele escamada

Um peixe metálico...uma criança armada

Preso ao fundo do copo há resquícios de vinhos

Afrodisíacos alarmes

Mãos que fustigam o sexo

E dos quartos saem portas

Usam-se torniquetes

Torturam-se noites de inconsciência

E rebentam as águas paradas nos canos ferrugentos

Saltam faíscas das paredes

Aranhas de prata doirada entediam-se nas teias

Os insectos fugiram

O esperma eclodiu

O soalho mergulha no silêncio

Os pulmões enlouquecem

Há memórias em todos os lençóis

Fomos um bordel antigo espreitando para além de nós

Demos uso ao nosso corpo

Nascemis... renascemos como um dia de fome

Fomos uma maré vazante

E com um suave mergulho na seda aveludada

Desmantelámos todos os silêncios

Por fim... calámo-nos

Como lobos satisfeitos

Ou como tigres amansados!

Nas ruas da cidade

Nas ruas da cidade secreta rebentam memórias

Deambulações que devoram corpos

E ainda é tão cedo...

Amanhã lavaremos as esquinas

Com águas de esperança

E navegaremos nos ardores dos crepúsculos

Espantar-nos-emos com a nossa respiração

Descansaremos os corpos nos rios navegáveis

E das janelas precipitar-se-ão flores estranhas

Não saberemos o que fazer com as pálpebras

Devoraremos insectos na manhã húmida

E cansaremos a noite com as nossas forcas de seda

Rindo desaustinadamente do espanto

Que devora os olhares dos passantes...

Constelações

Respiram-se mares etéreos

Segrada-se em voz alta

As sombras cantam...e nós fomos

Fomos animais que irromperam das pedras

Animais talhados numa fogueira marítima

Principio e fim de todas as coisas

Segredos sibilantes... ecoantes...escuros

Adormecemos num círculo de subtis proporções

Vagos animais recordam-nos o sono

Comendo-nos as constelações..sibilando

Já pouco resta da nossa antiga magia

Abrimos as galáxias

descobrimos as aves que segredam às silhuetas

Somos essas silhuetas

Brilhamos sobre todas as pedras

Alimentamos a nossa fogueira com restos de manhãs

Um novo corpo nasce nas urzes inflamadas

E os dedos vestem-se de hálitos suculentos

Rostos mágicos geram-se nas maresias

Nada podemos dizer...extinguimo-nos

Erguendo o olhar

E adormecendo num nevoeiro em flor!

Becos

Acordaste do sono com a lisura das correntes

A chuva adormeceu sobre o teu sorriso

Viste a cidade rebentar de mágoas

E os copos partirem-se com ciúmes da madrugada

Viste a pele fustigada por bocas de porcelana

Havia um nojo de mãos

E febres subtis mergulhadas no rio

Na minha nocturna água enroscaste o teu olhar...gritaste

Lançaste um lancinante alarme

Tinhas fome de melancolia

Pensavas num tempo furioso

Ninguém te salva

Ninguém te limpa o sangue

Que coagulou na saída da veia

És uma muralha...um beco escorregadio

Uma parede antiga onde pendem fotos de lama

Não há madrugadas presas nos teus cabelos

Nem lodos escorregando pelos lençóis

Há sorrisos...engates...fome de descobertas

Pássaros que espiam as janelas

Dedos usados crescendo

Ao ritmo vertiginoso das distopias

Becos sem entrada...

Calças elásticas marcando o ritmo

Crescendo no mito do corpo perfeito

Não há corpos perfeitos

Nem olhares rasos

Há uma açucarada língua

Um berço que te embala

Memórias de sorrisos alarmantes

Abertos sobre uma adolescência fatigada

E já esquecida de si

E o tempo passa e cresce

Enrosca-se em mãos...grita

Procura a saída dormente

O homem inocente

Preso ao fundo de si

Encontra uma porta que dá para o lodo

Perfura a pele...tatua raivas

Dos olhos chovem mágoas incendiadas

Gasolina mergulhada em sal...febres brancas

Uma casa atravessa-nos

Uma dor mergulha na sombra

Rios sem fim carregam os nossos destroços

Há sangue e néon...

Claridade obstinada mergulhada em lixo anónimo

Sons obscuros rebentam-nos os tímpanos inflamados

Jorram instrumentos das paredes

Lancinantes ais perfuram a viscosidade dos dias

Inflamáveis sexos perfuram a madrugada

E tudo se passa debaixo de uma ponte

Suspensa sobre um rio ressequido

Fascínio e boca mordendo os cabelos encrespados

Pássaros volteiam...vão e vêm

Não há saída!

Não queremos que os funcionários públicos percam direitos...

Agora que brevemente vamos ter eleições legislativas, há uma espectacular oportunidade de quem não trabalha para o estado deixar se ser português de segunda. Chegou a hora de sermos exigentes e já que os sindicatos só defendem quem trabalha para o estado,( pudera, são os F.P. quem lhes paga os ordenados e por isso são tão aguerridos na sua defesa) teremos que ser nós a iniciar a luta. Parece mentira que em 5 milhões de trabalhadores, só a função pública se sinta prejudicada, quando sabemos que no estado se ganha melhor que no privado. E não venham com queixinhas, porque o que vejo é só reividicações por parte dos funcionários públicos, mas mexerem os rabinhos e procurar emprego no privado "está quieto" Eis algumas propostas para um tratamento justo dos tarbalhadores do privado:

 

1- Um funcionário público no caso de ficar com baixa médica, recebe 90% do ordenado. Quem trabalha no privado recebe 55%, é tempo de igualar a percentagem.

 

2 – que o ordenado mínimo seja o mesmo.

 

3 – que os dias de férias sejam os mesmos.

 

4 – direito a descansar no dia de aniversário no privado.

 

5 – direito a usufruir da ADSE.

 

6 – o mesmo horário semanal, ou seja 35horas para todos.

 

P.S. - não que queremos que a F.P. Perca regalias, só queremos ser tratados de igual forma. Não faz sentido que os que pagam com os seus impostos os ordenados dos funcionários públicos, sejam tratados como inferiores.

A origem da riqueza

"É porque a humanidade está disposta a simpatizar mais inteiramente com nossa alegria do que com nossa tristeza, que fazemos desfile das nossas riquezas, e escondemos nossa pobreza. [...] Mais que isso, é principalmente a partir deste respeito aos sentimentos da humanidade que perseguimos a riqueza e evitamos a pobreza." (Adam Smith,1759, ).

 O pobre tem vergonha da sua pobreza porque sabe que devido a sua condição irá experimentar o desprezo dos outros. A visão da miséria suscita desprazer nos espectadores e causa aversão.

Smith salienta que parece que é da natureza humana ser indiferente à miséria daqueles que julga inferiores. Por esta razão, o homo oeconomicus é impelido a buscar a riqueza e evitar a pobreza.

Um tecto onde não há noite

Dancei na noite com os uivos dos clarões

Deixei-os caminhar pelas páginas em branco

Ficou um rasto de cansaço

Uma parede onde gravaram uma obsessão

Grafitti melancólico da realidade.

 

Vomito todas as mensagens

Sobre as pedras habitadas por fantasmas

Anuncio infurtúnios... e momentos felizes

Restos de vida...visões

Bebo tinta...narro factos...sacudo as almas

Sou uma espécie de tédio embriagado

Mergulho nas águas como uma parede frágil

Encho as frestas com mensagens cifradas

Deixo a descoberto todos os grãos..todos os vómitos

Desprezo todas as sentenças

Sou a semente imaculada

Que vive à janela dos sentenciados

Como um tecto manchado por uma noite empolgante

Ou como um tecto onde não há noite!

Tu foges...eu espero

Tu foges...eu espero...corpo entregue ao rio

Ardendo num silêncio gigantesco

Recordo que as feridas da infância

São agora analgésicas emoções

Estranhos fios de água

Lavo-me de todas as datas

Canso-me de todas as janelas...janeiro em febre

Rente a mim suspiram ombros nus

Imensas bocas ardem nas fogueiras...quero que venhas

Mordisco a tristeza que devora os teus olhos

Busco-te em todos os buracos

Acidental peito refastelado em mim

Que não voltarás a amanhecer no asfalto

Sei que não voltarás a destroçar instantes nem espelhos

Navegarás em todos os barcos

Como uma ferida insultuosa...sulfúrica

Incerto destroço em cama abandonada

Fantástica realidade de uma fantasia que sua em bica

Buraco de noite ao amanhecer...

Mundo devorado por espelhos irrefletidos...indiferentes

Como uma tristeza suspensa numa noite de geada

Ou um perfume de galáxia destroçada!

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