Íman
Espero que as palavras capturem a luz
Plena e bela cinza de um tempo anterior
Extensão da cidade que resta no horizonte
Sangue de pestanas que os dedos alcançam
Cabide onde as aves rabiscam sombras gigantescas
E onde se vestem os agoiros
Culpa feroz de imaterial secura
Distância de sonhos geográficos.
Escavo as asas do tempo
Asfixiante sangue que escorre dos barcos...África aflita
Fardo enrolado em emoções infinitas
Plumas de sombras batendo as asas
Corpo suspenso num mar desfasado
Lonjura fabricada numa teia de aranha..
Lugar suspenso no tempo
Na deslocação dos olhares
Abrem-se escravidões na areia
E as pedras asfixiam as nossas pálpebras de bronze
A carne é escura..a vida secular
Seremos um dia aves metálicas
Presas num íman sem distância...