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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Tempo e ausência

Qual o tamanho do tempo

Que se afunda numa alma vazia?

Que olhos galopam pela visão de um instante?

Que fogueira arde na incandescência de uma noite?

Tudo se passa num movimento constante

Numa constelação de eternidades

Num afundar de lábios

Sobre uma boca encharcada de prazer

Todos os elementos nos empurram

Para uma visão abrasadora

Ou para uma fuga aos espelhos...

 

Imenso irradiar de uma chama

Onde florescem intimidades

E os minutos se espantam

E nós...filhos de uma terra devorada

Em que fundo encontraremos

O turvo desalinho das emoções?

Que lodo baço nos cobrirá?

 

Somos feitos de água e visões

Tonturas de eternos corações desatentos

Filhos de um chão semeado com grãos ferrugentos

Vísceras espantosas de folhas caducas

Que aos poucos nos concedem a paz

Que nos mostram os bosques sagrados...vazios

Como sombras assentes em raízes verticais

Ciprestes em combustão...céus originais

E as faíscas turvas emergem de nós

Como despojos suspirados por uma alma

Cheia de tempo e ausência!