Um tecto onde não há noite
Dancei na noite com os uivos dos clarões
Deixei-os caminhar pelas páginas em branco
Ficou um rasto de cansaço
Uma parede onde gravaram uma obsessão
Grafitti melancólico da realidade.
Vomito todas as mensagens
Sobre as pedras habitadas por fantasmas
Anuncio infurtúnios... e momentos felizes
Restos de vida...visões
Bebo tinta...narro factos...sacudo as almas
Sou uma espécie de tédio embriagado
Mergulho nas águas como uma parede frágil
Encho as frestas com mensagens cifradas
Deixo a descoberto todos os grãos..todos os vómitos
Desprezo todas as sentenças
Sou a semente imaculada
Que vive à janela dos sentenciados
Como um tecto manchado por uma noite empolgante
Ou como um tecto onde não há noite!