Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Em cada homem há uma dor

Para onde quer que olhes vês uma imagem

Um irrefletido écran paranoico

uma patine terrosa

Na cidade fresca sentas a pele coagulada

Adormeces sob um alarmante meridiano

Secretas ruas acompanham-te

Lâminas de suor escorrem da febre..é a insónia

Há um homem em cada dor

Uma saída em cada buraco

Um cheiro falso a naftalina

Estás morto

A tua decomposição tem ciúmes dos corpos esbeltos

Nos prédios lívidos

Escondem-se madrugadas fascinantes

Gritos grisalhos ecoam na lividez das ruas

Memórias ensanguentadas

Crescendo em direcção ao pânico

Fogo preso ao fundo do rio

Por debaixo da cidade há uma pele escamada

Um peixe metálico...uma criança armada

Preso ao fundo do copo há resquícios de vinhos

Afrodisíacos alarmes

Mãos que fustigam o sexo

E dos quartos saem portas

Usam-se torniquetes

Torturam-se noites de inconsciência

E rebentam as águas paradas nos canos ferrugentos

Saltam faíscas das paredes

Aranhas de prata doirada entediam-se nas teias

Os insectos fugiram

O esperma eclodiu

O soalho mergulha no silêncio

Os pulmões enlouquecem

Há memórias em todos os lençóis

Fomos um bordel antigo espreitando para além de nós

Demos uso ao nosso corpo

Nascemis... renascemos como um dia de fome

Fomos uma maré vazante

E com um suave mergulho na seda aveludada

Desmantelámos todos os silêncios

Por fim... calámo-nos

Como lobos satisfeitos

Ou como tigres amansados!