Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O sol arde

O sol arde por detrás de um céu cinzento

Cai a luz de um fantasma sobre o vento

As tuas mãos procuram o vazio das marés

E porque há um anjo em cada rota

E em cada fogo um céu sinuoso

Um céu de vida e um céu de morte

Um céu de coral... ilegível...adocicado

Um céu que ao mesmo tempo

Te mostra que nadas num lago raso

Que vives na poeira das palavras

Que plantas versos

Na indelével tarde tempestuosa

Onde vive a tua respiração obcecada

Pelo medo das noites melancólicas.

 

Esse céu acrobático e tempestuoso

É uma janela de prantos

Mas...será verdadeira essa janela

Por onde espreitas o grito da vida?

Acreditas mesmo

Que o deserto espera pelo refluxo dos teus sonhos?

Ou passarás a noite

A tamborilar sobre as dúvidas que te afligem?

 

Verdadeiro é o grito

Verdadeira é a respiração

Da tinta sai a forma das palavras

Os dedos tocam na viagem do tempo

E na água lacustre da insónia

És outro...és a fonte de ti

És a obsessão de um peito ácido

De um coração que se prolonga no espaço

De um poema que escreves sem saber porquê.

 

Podemos continuar a ser corpos adiados

Podemos até cuspir

Nas trémulas e extasiadas flores

Só não podemos ser anjos...

Finjo escrever-te

Ao longe há uma imagem

Que flutua num segredo

Um cintilar de estrelas falsas

Um suicídio de pele gretada

Onde o silêncio espera pelo vento

A tarde acumula-se em mim

Espero-te como se fosses o meu amuleto

Ou o meu segredo asfixiado

Solitário eco de uma noite estrelada

Longe daqui há uns olhos tristes

Que fulguram no oceano

Metálica água errando pelas marés

Longe daqui há uma tempestade

Que assusta a noite

Que abre os braços...que me acolhe

Mas eu já não estou contigo

Já não transporto comigo

O eco dos teus gemidos

Agora arrasto-me pela insónia

Divido-me como o negrume de uma vela

Finjo escrever-te...

E se me contasses o que o vento te fez?

E se me dissesses onde fica agora a tua cama?

Porque... no peso desta luz surda

Na errância desta tempestade

Que cai na minha parede branca

Espero-te...

Como se o teu presente

Não tivesse passado!

 

 

Possuirei de novo a tua voz?

Desmaia a madrugada sobre o silêncio

Aos poucos floresce o dia

Não sei se dormi

Passei a noite na paisagem

Pernoitei sobre os teus desejos

Ouvi o teu grito...afastei-me

Subia obliquamente o sol

Dos lírios jorravam esquecimentos

Perdi-me dentro do tempo.

 

Nos reinos escuros a língua embaraça-se

A vigília acode...a poeira sobe...fala-te de mim

Imperturbáveis galos despertam na sombra

Língua...gritos...lágrimas

Explodem constelações de abandonos

Devolvo-te os meus gestos...sem esperança

Sou agora o caminhar ausente de um magnífico sono

Arquipélago de luzes estivais

Onde a luz não se define

E o sonho não se lembra de nós.

 

Abandono de pálpebras

Imperturbáveis lágrimas seguem o seu caminho

Falam de línguas amargas

E sal da ausência

As tuas mãos são a crosta escavada das sombras

Mergulho as minhas na tua humidade

Fornalha feita de gestos sem vigilância

Quentes desertos...terras estreladas...silêncios

Possuirei de novo a tua voz?

Correrei atrás de um arrependimento?

A chuva cai...

A chuva seca-me os dias

Revejo-me no coração das flores

Floresço...a noite chega

As palavras cantam embaraços

Os sonhos são rectângulos vivos...

Do fundo do mar brotam fogos cáusticos

Esperanças de medonhos sóis

Sonos interrompidos

No teu ventre reclinado sobre os corais...é tarde

Acordo no lugar onde a terra amansa a alma

Estou nu...não tenho corpo

Amei-te!

A derradeira pluma do sol

É tarde..o silêncio cresce

A boca devora a ignorância do vento

Hoje não quero ver o sol...

Hoje quero ser o sol

Lamento...

Mas não posso iluminar o abandono dos outros

Hoje apenas posso ser a cadeia

Que aprisiona as coisas sem valor

Ignoro quem passa

Falta-me a paciência para ser pessoa

Pressinto que há uma alma em cada árvore

Um morto em cada estalada do vento

Um corpo quebradiço...estalactitizado

Como se fosse o começo brando dos jardins

Um corpo feito pedra

Cheirando ao húmus dos pinhais

Um corpo que ressalta de censura em censura

Até chegar à frescura do ocaso

Onde o espera..

A derradeira pluma do sol...

Pressinto os teus passos

Abano os braços e ergo os ventos

Finjo ser um sonho ancorado na areia

Durmo sobre um abraço

Como uma águia líquida aberta ao espaço

Sonho com retratos de resplandecentes rios

Enquanto nas profundeza dos ventos ecoam carnes

Atalhos talhados em anoiteceres

Das janelas escorrem seivas tristes

Pássaros agitam-se como presságios

Adormeço de barriga para baixo

Cruzo os pulsos...

Agito-me como as árvores

E depois do sonho...finalmente

Pressinto os teus passos!

O PSD ainda não ganhou as eleições (só para chatear o Presidente)

Pedro Nuno Santos pode abdicar de ser candidato a primeiro-ministro, mas a verdade é que o PSD ainda não ganhou as eleições. Quem está à frente no acto eleitoral é a AD. Ora a AD é uma coligação, que se desfaz após as eleições. Perante isto o PSD tem 75 deputados, (uma vez que os outros dois são do CDS), e o PS tem os mesmos 75 deputados. Se por acaso o PS tiver o mesmo número de deputados que o PSD nos círculos da emigração, ficam empatados e nesse caso PNS podia querer( já disse que não queria, mas este é um mero exercício aritmético)ser candidato a PM, só para chatear o Presidente.

Que nome se deve dar a esta desgraça?

Que nome se deve dar a esta desgraça? Quando vemos mais de um milhão de pessoas a votar neste partido não democrático, que nome lhe devemos dar? Será desprezo? será desdém pelos partidos que não souberam governar? Mas o que aconteceu em Portugal, está a acontecer em quase todo o mundo. Povos insensatos que votam em partidos cujo único objectivo é retirar-lhes o valor maior que uma sociedade pode possuir, a Liberdade. E parece que este povo se sente feliz, que rejubila, com a indignidade de um partido que defende a ditadura, o xenofobismo,a mentira e o ódio, como forma de convencer os eleitores.

O mais curioso é que estas pessoas castigam os partidos tradicionais por causa da mentira e da corrupção, e vão votar precisamente na mentira e na corrupção. Estas pessoas hipnotizadas pela novidade, tudo perdoam a esta gente. Ninguém se esqueça que é com a vossa conivência que eles proliferam. É com a vossa conivência que a vocês próprios se estão a trair. O CHEGA, partido de tiranos, vive da farsa, do espectáculo, do teatro, não tem ideias. O CHEGA, vive a mentira do momento, e o seu único programa é atingir o poder. Já vimos isso ao longo da história. Votar num partido como o CHEGA,é desonroso. A estas pessoas não pulsa no seu sangue o fogo da Liberdade. É próprio do vulgo desconfiar de quem o estima, de quem se dispôs a melhorar-lhe a vida e a acreditar em quem o engana. A este demagogo do CHEGA, basta-lhe fazer umas cócegas às pessoas, basta-lhe dizer o que querem ouvir, esperemos que não estejam a colocar a cabeça no cepo. A peçonha que o CHEGA espalha tem que ser combatida. Cabe aos mais esclarecidos fazer esse combate. Ergamos os olhos para essa Liberdade pela qual nos cabe lutar. Ergamos os olhos para a justiça e não entreguemos o bem mais preciso que possuímos.

 

Inspirado em Etienne de La Boétie no seu Discurso Sobre a Servidão Humana