Desmaia a madrugada sobre o silêncio
Aos poucos floresce o dia
Não sei se dormi
Passei a noite na paisagem
Pernoitei sobre os teus desejos
Ouvi o teu grito...afastei-me
Subia obliquamente o sol
Dos lírios jorravam esquecimentos
Perdi-me dentro do tempo.
Nos reinos escuros a língua embaraça-se
A vigília acode...a poeira sobe...fala-te de mim
Imperturbáveis galos despertam na sombra
Língua...gritos...lágrimas
Explodem constelações de abandonos
Devolvo-te os meus gestos...sem esperança
Sou agora o caminhar ausente de um magnífico sono
Arquipélago de luzes estivais
Onde a luz não se define
E o sonho não se lembra de nós.
Abandono de pálpebras
Imperturbáveis lágrimas seguem o seu caminho
Falam de línguas amargas
E sal da ausência
As tuas mãos são a crosta escavada das sombras
Mergulho as minhas na tua humidade
Fornalha feita de gestos sem vigilância
Quentes desertos...terras estreladas...silêncios
Possuirei de novo a tua voz?
Correrei atrás de um arrependimento?
A chuva cai...
A chuva seca-me os dias
Revejo-me no coração das flores
Floresço...a noite chega
As palavras cantam embaraços
Os sonhos são rectângulos vivos...
Do fundo do mar brotam fogos cáusticos
Esperanças de medonhos sóis
Sonos interrompidos
No teu ventre reclinado sobre os corais...é tarde
Acordo no lugar onde a terra amansa a alma
Estou nu...não tenho corpo
Amei-te!