Agitando o vento
Peito apavorado
Gota de paixão a escorrer pela face subtil das tardes
Como se pode dizer
Que a esperança é a evasão morna da vida
Se a vida se desencontra na trituração dos dias
E os deuses comem as promessas
Que nunca nos fizeram...
Insolúvel oceano de dúvidas
Abissal mistério das angústias
Que estrela nos gerou?
Que fome nos comeu a soma da esperança?
Que venham os dias
Que se desocultem as lendas
Para que os céus e os olhos possam descrer de nós
Restam-nos os abraços e a paz dos desencontros
Resta-nos a aventura do nosso inferno
Imortal é a luz e o espanto
Fugazes são as ideias das coisas que não sabemos
E também das que não queremos saber
No átrio que existe no nosso peito
Dançamos a valsa das coisas proibidas
Subtraímos aos sonhos bolorentos...a paixão
A eterna paixão das sombras
Que se instala na alma
Que se instala no sangue oceânico que nos faz remar
Voguemos...como templos geniais
Agitando o vento e as angústias...