A minha mão...o teu rosto
Diz-me o que te diz o teu deserto
Diz-me qual o pacto
Que fizeste com a esperança ébria de assombros
Diz-me que queres entender
A noite onde as coisas façam sentido
Diz-me quais são as tintas
Que pintam o teu corpo sacrificado
Diz-me quais são as veredas onde gastas os dias...
Mostra-me no teu rosto
A escritura que fizeste com a tristeza
Ai minha ave projectada em luz
Minha extinção de ser dia
Onde começará o teu alívio?
Onde ficará o teu oásis?
Que sol ardente
Queimará as formas felinas do teu corpo?
Queres que chame o encantador de dias
Para fazer de ti uma espada de luz?
Queres que mande trazer
Os bálsamos clarividentes dos crepúsculos?
Queres que a loucura
Aliviada dos invernos te aqueça?
Queres que te erga um sonho
Onde o altivo luar se curve perante ti?
Queres que toque trombetas
E traga aves para te enternecerem?
Tudo farei...
Descobrirei lendas e sortilégios
Sussurros e presságios...
Ciclos de tempo...incisivas primaveras
Olhares fulminantes
Tudo farei...
Para que essa dor vagarosa
Se feche numa concha
Como se fosse uma lâmpada apagada
E em ti só brilhe o assombro
De um acordar solene
Em que a minha mão suave te afagará o rosto...