Para além do tempo
Peço hoje às ruas
Para que não guardem os meus passos
Peço hoje aos barcos
Para que levem o meu grito
Peço hoje às janelas
Para que se abram ao meu olhar
E o derramem sobre todo o infinito
Peço hoje aos ouvidos
Que respirem sons de sinos
E que os meus olhos
Se espalhem pelo que não vêem
Peço uma parcela de acalmia ao furor
E à nostalgia
Um som profundo de calor
Dos olhos doces
Quero beber as lágrimas
Quero saboreá-las
Com a língua da ternura
Quero juntá-las num cantinho acolhedor
Dos mistérios quero ser o seu amor
Que para além do tempo sempre dura