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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Como uma pétala dentro da madrugada

Hei-de trazer-te um dia a pedra

Onde encerrarás as palavras

Por ti carregarei o infinito

Como se ele fosse algo mais que uma sombra

 

Construí um tempo no coalho dos teus lábios

E nem hesitei...

Quando os relógios me falaram

Da urgência dos caminhos

 

Despi-me do lume dos desertos

Desembainhei a minha tela

Pintei o desespero com cores garridas...assombrosas

Incendiei os olhos com a alma do vento

Espalhei por todo o lado o meu silêncio

E caí...de pé...

Como uma pétala dentro da madrugada

 

Contamino os dias com a pressa das estradas

Quero ser um frágil zumbido

A pairar na alquimia dos dias

A transitar pelos sinos das igrejas

A perder-me na semente odiosa dos perdidos

A curar esta cicatriz de oráculo entediado

A quem um estilhaço de cinza apagou os dias...

 

Perdidos

No silêncio da noite

Pousava uma serenidade de quilha

Havia um suspiro de nómada

Nos poros das horas

E a máscara de espuma lá estava

A pintar a noite com os seus esgares de alma inchada

Um susto enfeitava o começo do amor

O olhar estava suspenso no mar que bramia

Falámos toda a noite

Deixando as nossas impressões digitais na areia

Percebemos que éramos anónimos labirintos

Procurando uma saída

Éramos aves a dardejar sorrisos

Nos confins da praia

Não havia absolutamente nada

Que nos pudesse descrever

Vazios...

Feitos de uma esperança vertiginosa...calcária

A lua molhava as rochas com a sua luz suspirante

Lado a lado...

Inventámos filosofias...peixes voadores

Ardemos na tristeza de saber

Que a manhã vinha a chegar

E nós...ali estávamos...perdidos

Na espera da luz...

Lembranças

Lembraremos sempre o começo obsessivo

Da floração das amendoeiras

Lembraremos sempre as abelhas

Empoleiradas nos beirais das flores

Teremos sempre o riso feliz

De uma idade inapagada...

Seremos sempre essa idade sem fim

Esse selo de mel e galho quebrado

Um dia hei-de trazer-te

O sossego mais profundo

O mais insensato

Encontrarás então a marca de um rosto

Assomando por detrás das pedras

Poderemos então falar dos sentimentos

Que se imobilizaram em nós

Das coisas que despontaram

Nas flores dos narcisos

Das palavras que encontrámos

Nos caminhos pedregosos

Tiraremos a humidade viscosa

Das horas que estalam no peito

Como uma afronta...

Ou como uma tela pintada por pássaros loucos

Que se perderam

Nas sílabas assustadas dos sonhos

Vagabundos de contos de fadas

Profundos...quebrados...abandonados...

 

 

Leva-me a ver a espuma

Meu pequeno dedo

Que apontas para uma terra

Onde nenhum coração te toca

Indicas o caminho onde nenhuma boca bebe

Que terra é essa

Onde os caminhos vão dar a ti?

 

Finges pairar num sonho sem limites

Inventaste um jogo de sombras

Tornaste-te uma folha vogando na limpidez das fontes

Resta-te o outono..e o vazio das águas...

 

A chuva enche o teu vazio...completa-te

Em toda a parte irrompem os teus delírios

Gritos de fogo...cheios de lava negra

Como alegrias entornadas na valeta sólida das madrugadas...

 

Quero que me digas em que ser te transformaste

Que peixe vermelho mora dentro de ti

E me leves...

A ver o lugar onde a espuma amansa os dias

 

E se um barco de ferro maciço esperar por mim

Se os meus joelhos dobrarem em sinal de paz

Asseguro-te que serei a poalha de neve que te aquecerá

E de ti farei o meu mastro..sem fim...

 

É por isso que eu me levanto

É por todo o impossível que eu anseio

É por isso...que no inverno...

Me incendeio...

No casulo profundo do teu olhar

Cresce a minha alma sobre a Terra

Gotas cristalinas enfeitam a manhã

Sobe o silêncio calmo das árvores reclinadas.

O ar arrasta o espírito de um céu azul fremente

O outono é incendiado por grinaldas inventadas

Raios de sol poisam nas folhas secas...fogosas...douradas

Que na tarde amena... poisam suaves...repousadas

Deitam-se as folhas na terra

Como se posassem para uma gente... sem mar

São naturezas mortas...elegantes

Recolhidas em si...como fadas sorridentes

Oh...pacificas tardes quentes...

Que melodiosas escutam os pássaros cantar

E onde deitado me perco

Na sombra do casulo profundo

Do teu olhar...

Haverá outro céu?

Haverá outro céu?

Haverá outra terra?

A nossa alma é tão vasta

Que tudo pode abarcar...

Até a penumbra acariciante

De uma eternidade feita de relâmpagos e trovões

Até a poesia da rotina fatal do quotidiano

Em que renascemos todos os dias

Até a nossa memória ancestral

Que vive na penumbra esquecida do tempo

Mas o que nós temos mesmo que imaginar

É que o nosso coração

É a batuta que dirige a orquestra

Que interpreta a música celestial

Da nossa alma....

Coluna de sábado - Uma dica para ajudar a resolver o problema da habitação


Agora que infelizmente as barracas estão a voltar, os municípios em vez de ajudarem as pessoas, destroem-lhes as casas. na foto abaixo mostro como seria fácil resolver esse problema caso as Câmaras Municipais estivessem interessadas, em ajudar as pessoas e não em responder aos populismos. 

A casa cuja foto mostro no post, custa pouco mais de 2000 euros. Veja-se como se poderia achar uma solução, (ainda que temporária) para resolver o problema das barracas.

Bastava arranjar um espaço onde colocar as casas e construir balneários.

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Suaves penumbras

Deixamos a suave luz afundar-se em nós

E somos penumbra

Deixamos que uma aura nos envolva

E somos exóticos

Deixamos que um caroço

Nos cresça na garganta ao final da tarde

E somos antecipação

Pairamos sobre as nossas línguas

E somos felizes

Envolvemos tudo em pétalas coloridas

E somos do tamanho das flores...

Somos do tamanho do silêncio

E das mãos caladas...calejadas...inundadas..

Inundadas pelos corpos ondulados

Inundadas pelo frenesim arquejante

Da pele arrepiada

Inundadas pelo odor a a lábios crus

Mordidos...sugados

Ah, mas temos profecias para decifrar...

Temos tatuagens esculpidas na alma

Como mapas a cheirar a rosas

Árias sem letra

Trauteadas por anjos desconhecidos

Que acariciamos na nossa escuridão

Como mistérios...

Palavras murmuradas

Somos feitos de tudo o que é feita a terra

Somos calor e densidade

Tédio e semente...

Somos paisagem...história...

Mundo e realidade

Somos beijos repartidos

Por um espesso pôr-do-sol

Que nos atravessa os lábios

Que nos fura as palavras...as dores

E somos feitos pelo escuro

Em que nos afundamos

Somos um universo de palavras murmuradas

Pessoas densas como camas desfeitas

Somos um planeta a partir espelhos

Que não nos vêem no escuro...

 

Cabeceamos como quem leva

Um inesperado upercutt da vida

Levantamos os olhos negros

E acariciamos as crianças

Escurecemos contemplando a área cúbica do coração

Só para saber o que lá cabe mais

Palavras...amor...paisagens

Certas certezas e certezas incertas

De tudo temos que ter a medida

Até do tamanho dos nossos braços

Temos que saber o que podemos abraçar

Profundamente...

Ruas vulgares

Ruas vulgares

Extensas planícies onde gastamos as memórias

Ruas desordenadas

Onde os encantos são promessas vagas

Estradas sem futuro

Percorridas com as nossas almas... fatigadas

Ruas diluídas em harmonias desencontradas

Ruas incumpridas

Penetradas pela névoa do vulgar

Ruas que exalam venenos...tristeza...fealdade

Ruas onde trotamos cavalgando as esperanças

Ruas onde atravessamos o nevoeiro branco

Rumo aos pressentimentos velados

E onde os nossos olhos aguados e desvanecidos

São alquimistas deslumbrados

Esperando...esperando sempre

Que as lágrimas se transformem em poesia...

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