Sonho-me e escrevo-me
Sou o papel que se vê livre de mim
O tempo sacudido por batalhas
O lugar onde os segredos falam sozinhos
Afundo-me mesmo antes de acordar
Sou a nocturna luz que se (...)
Amanhece no mar.
Chegam agora à praia as sombras das nuvens
Bocas estranhas procuram a água
Delírio de mãos misteriosas
Inundadas de areia.
Lívidas águas coladas a corpos
Que (...)
Alma em gestação permanente
Nascida da música que se desfaz na noite
Ritual antigo de silêncios mastigados
Teia de aranha murmurando a sua posse
Estendendo as quelíceras
Veneno (...)
Vejo barcos carnívoros descendo rios imaginários
Vejo pedras filosofais sem qualquer préstimo
Espreitando os nossos segredos
E os uniformes que a alma veste
São impúdicos cavalos (...)
Invejo o silêncio de quem morre
Porque quem morre
Descobre a verdade e nada diz
Não é por acaso que muitos cadáveres
Jazem na urna.
Como se estivessem no seu leito
Alguns até sorriem.
(...)
Sinais ruídos luzes sombras
Emparedados numa dança de corpos arqueados
Vejo o meu corpo dobrado...nada mais que eu
Apenas uma folha azul....
Tombando no desamparo de uma memória feliz.
Esc (...)
Emerge a tua imagem das páginas brancas
Olhos sentados em ti
Livro escaldante de cor que atravessa o tempo
Cegos rios que te levam
Desfilam por mim todos os idiomas
Quero que os ecos te falem
(...)
Empenhamos a nossa própria pele
Medimos os dias...fugimos de nós
Sonhamos numa língua estranha
Como se fosse um rabisco ilegível
Procuramos o mar
Receamos a nossa própria casa
Somos a (...)
Escuto as cigarras O desespero percorre o meu quarto Largo e profundo mundo de coisas pouco importantes Exalo tempestades...fujo Bebo sonhos como quem caminha por atalhos Luzes abertas no meu (...)
Não consulto o vereditos dos astros
Sou um convertido presenciador
Da insignificância do ser .
Não vivo sequioso de revelações imateriais
Tenho o bicho terrífico da vida
Diligentemente embalado numa capa de ironia