Na manhã de ouro
Um castiçal de volúpia acorda as horas
Cada raio de sol é um veio sagrado
Cada nascimento é um reino
E a primeira palavra é um grito
Depois...há que percorrer as (...)
Abro a gaveta
E dentro dela o lenço lavado fala-me de lágrimas
Saio para a rua
E vejo depositados no passeio os anos vergados pelas pedras
E passam ventos..e transpiram velas
E o sal (...)
Percebo que guardas em ti todas as noites do mundo
Sei que o teu corpo procura
A aura luminosa de todos os lugares
Por aqui segues à procura dos segredos
Além desistes da memória (...)
Chegamos com obscuros olhos
Rasgam-se em nós mapas e arquipélagos
Sentimos as palavras que nos alumiam
Somos medo e granito e somos segredo
Na brancura dos nossos passos dormitam sombras
(...)
Era uma pedra preciosa...uma saudade
Um porão deitado num estreito mar
Agarrei-me a ela como se agarrasse o outro lado da rua
Caminhei...senti as primeiras chuvas
E o barro dos corpos (...)
Não trago mais em mim...do que uns olhos e umas pedras
Não trago mais em mim...do que um fogo e uma ternura.
Agarro o mundo com os meus dedos cósmicos
Desembaraço-me das estrelas e (...)
Há em mim uma cidade oriental
Uma lâmpada acesa...um azul
Um canto divino... celestial
Uma rua...um sonho..uma penumbra
Há em mim uma nascente multicolor...uma história
Um vermelho...um (...)
A sujidade do tempo rola sobre os poros das palavras
Distantes corredores assombram os passos da paisagem
Nada se distingue na rispidez branca da manhã
O corpo...alimenta-se de frios e (...)
Na planura de um verso...cheguei
E o silêncio vestiu-se com a tua idade
Cheguei a pensar que eras uma luz
Uma dança emanava da tua fotografia
O canto...a cidade...o riso
Eram anónimos (...)
Deixa que te lembre daquele tempo
Em que as casas tinham jardins
E dos dias em que os pássaros
Afinavam o canto por entre loiros trigos
Não basta saciar o rumor dos dias
Nem o sono das vagas
É preciso muito mais de nós