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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A beleza do entardecer

Pergunto pela luz

Que sopra sobre terra orvalhada

E pelo ar que se eleva do asfalto

Onde se escondem os recantos da memória

Vejo rostos empilhados

Como sentenças a crepitar nas luzes

Sílfides fantasmagóricas

Ligeiros perfumes que fogem dos sótãos quentes

Na rua as árvores apodrecem

Sorrisos salgados abrasam os rostos

Insectos em pose brincam nas folhas amarelecidas

Nem sei se é possível escutar o vento

Ou conhecer a dor de um pássaro tardio

Tropeço na fantasia de uma esquina sombria

De uma sombra quente...a tua sombra

Escuto o crepitar das marés

Onde o teu corpo se afogou...

Também eu me afoguei

Também eu senti a tua pele no perfume das flores

Soube então de ti...

E também soube que não iria atrás de ti

Que te sumirias como uma folha sem sentido

Sem rota nem música

Uma folha presa na garganta

Embriagada de dor

Recuso fazer qualquer gesto

Recuso sentar-me na beira mar

Quero esquecer as conchas

Apenas quero deslizar

Pela recordação do dia

Em que me sentei contigo na paisagem

E nos fomos absorvendo

Como quem bebe a beleza do entardecer...

 

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