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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A chuva não fala

Lábios dentro de palavras

Letras dentro de páginas...respiração de livros

Âncora de carne

Onde se abrigam as vozes do mundo

Areias que embatem na respiração das ondas

Infiltrantes compassos de rocha alada

Arrancados torrões de terras distantes

Bosques sentados em serranias sagradas

Lábios nas letras...respiração suave

Ébrios destinos de pessoas epidérmicas

Alma apocalíptica vivendo numa visão

Chovem corpos em uníssonas respirações

Mas a chuva não fala...a respiração não emite raios

O céu é liso...rabiscado de nuvens

Deflagram peles de seda sobre a areia

Abrigamo-nos nas margens expostas do rio

Sentimos a crispação Divina sentada sobre a nossa epiderme

Renascemos do medo de tudo se esvair

Arrancamos bocados de terra da boca das pessoas

Gritamos em uníssono

Somos a visão da rocha, da árvore,da carne exangue

Somos o abrigo de todas as coisas

Para além de nós não há mundo

Nem machado que corte a respiração

Somos a imensa criação do mistério

Aflição de água convertida em corpo

Choveremos...subiremos a todas as hastes dos girassóis

Seremos ondulantes véus...

Escarlates autores de uma nova asfixia

Crisparemos as bocas...seremos nós mesmos!

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