A face dos céus
Da boca escorria a pele dos sonhos
Os dedos desencontrados traziam algas na memória
A dor perfurava o desenrolar das ondas
E eu vibrava...como uma estrela diluída numa maré de silêncio.
De mim caíam pequenas chagas
O vento tombava nas minhas mãos
Arrastava o meu corpo no lastro da manhã
E eu repousava na clara luz da tua face.
Desembarco a minha voz na palidez do mar
Pouso os meus receios num liso nevoeiro
Regresso...à ausência da minha própria memória.
Divido-me em fantásticos espectros cristalinos
Que só a lonjura das planícies reconhece
E só num golpe de cinza se libertarão.
Quando entro nesse ritual de luminosos sóis
Esqueço a decepação gelada do mundo.
E tenho pena...
Da pobre geada a morrer na alegria do sol
Que cai da face perdida dos céus.