A fonte do esquecimento
Não! Não estou cá para comer glórias
Nem para me vestir com ridículos corpos ausentes
Eu devoro as fogueiras...
Alimento-me de crueldades remotas
Ajeito-me com o demónio
Sou a infâmia em primeira mão
À lareira reinvento o gelo
Retalho as estrelas mais pesadas
Em mil pedacinhos...faço-as vibrar ...e girar
Desgraçadas das despedidas que me encontram no caminho
Esmago-as na terra preta...
Porque eu sou a loucura disfarçada de anjo adormecido
Tenho a ternura diabólica dos enfeitiçados
A minha alma está coberta de tatuagens
E a minha rua é um arsenal de espeluncas e bebedeiras
Não dilacero o meu espírito com espasmos raivosos
Não me preocupo com jóias sem brilho
Gosto de morder a terra...sofrer com ela
Gosto de percorrer as ruas escuras
E assustar mortalmente os transeuntes
Embruxado por um céu sem sombra
Dou urros e assobio para dentro das casas
Depois...deito-me para repousar...
Junto à fonte obstinada do esquecimento!