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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A fonte do esquecimento

Não! Não estou cá para comer glórias

Nem para me vestir com ridículos corpos ausentes

Eu devoro as fogueiras...

Alimento-me de crueldades remotas

Ajeito-me com o demónio

Sou a infâmia em primeira mão

À lareira reinvento o gelo

Retalho as estrelas mais pesadas

Em mil pedacinhos...faço-as vibrar ...e girar

Desgraçadas das despedidas que me encontram no caminho

Esmago-as na terra preta...

Porque eu sou a loucura disfarçada de anjo adormecido

Tenho a ternura diabólica dos enfeitiçados

A minha alma está coberta de tatuagens

E a minha rua é um arsenal de espeluncas e bebedeiras

Não dilacero o meu espírito com espasmos raivosos

Não me preocupo com jóias sem brilho

Gosto de morder a terra...sofrer com ela

Gosto de percorrer as ruas escuras

E assustar mortalmente os transeuntes

Embruxado por um céu sem sombra

Dou urros e assobio para dentro das casas

Depois...deito-me para repousar...

Junto à fonte obstinada do esquecimento!

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