A fotografia da infância
Não trago mais em mim...do que uns olhos e umas pedras
Não trago mais em mim...do que um fogo e uma ternura.
Agarro o mundo com os meus dedos cósmicos
Desembaraço-me das estrelas e planto aves negras em cada beiral
E não digam que não vêem... as sombras do meu pensamento.
Por aqui ando a sentir este véu de tempo a consumir-me
Por aqui falo das rosas e dos trevos
E também...do meu desamor pela carne inútil dos dias.
Que fazem as nuvens que pairam num céu de corvos?
Que buscam os homens que pairam num tempo gretado?
E as noites...e a seda...e a indiferença...
Que diferença fazem na vida de cada um?
Perdeste as chaves...
Já não podes abrir a fotografia da tua infância...
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As cores passam
Agitam-se em floridas longitudes
Iluminam lodos...afogam-se em pessoas sem nome
Mas as flores...continuam a florir
Inundando as almas...com desprendida beleza...