A geometria dos silêncios.
As mesmas ruas. Os mesmos passos. Espectros espelhados nas pregas do tempo. O mesmo passado. O mesmo futuro. As mesmas faces. A mesma ignorância. A impressão de um desencontro. A vida. A tarde é um espelho. Os dias são espelhos. A íntima relação do homem com a ardência dos cadafalsos. A subordinação a patológicas saídas. Portas sem entradas. As folhas do sono a pedirem mais paz. Os instantes a pedirem mais luz. E a folhagem das sombras a aumentar em nós. A mostrar a nossa breve alma de funâmbulos . A nossa alteridade. A nossa aceitação. O nosso acumular de acasos. E de ocasos.
A geada enreda-se na manhã de domingo. O frio corta o germinar das ervas. O vento quebra a inútil brusquidão dos dias assolapados. E nós...interrogamos o fumo que oscila pela chaminé. Com olhos de amanhã. Com a profundidade de um ângulo raso. Feito com a pálida geometria dos silêncios.