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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A maquinaria do mundo

Acredito no meu próprio mito. Acredito na minha própria verdade. No meu corpo vive a verdade. E há uma verdade...que é só uma. No corpo de cada um vive também a sua verdade. Que é a mesmo que a minha. Aos meus olhos chega a ilusão de uma outra ilusão. Os dias dispersam-se. Desaparecem. São a insolúvel ilusão dos dias. Mas existe uma perfeição em tudo. Até a ilusão é uma perfeita ilusão. Será que vale a pena pensar na maquinaria do mundo? Filosofar com o mundo. Filosofar sobre o mundo. Maçar-se com todas as teorias da vida? Sorrir à insolubilidade da vida. Olhar em frente e pensar na candeia que nos alumia. Que candeia? Deus? Que deus? Que necessidade temos de desenrolar o labirinto em que caminhamos? Porque não nos basta o belo incêndio do crepúsculo? Queremos mais. Queremos saber mais. Mas mais o quê? Que temos mais manhãs e tardes de sol? Que somos donos de um horizonte? Que respeitamos as regras onde não há regras a respeitar? O mundo está aqui para nós. O mundo está aqui para ser tocado com todos os nossos sentidos. O mundo e nada mais. O nosso corpo e o mundo. A chave da vida. A procissão da moral. O absurdo da impermanência. O passo de dança. A música. O movimento dos astros. A voz que se ouve ao longe. A voz que segreda ao ouvido. O incómodo das rugas. O que está e que depois já não está. O que existe e que depois deixa de existir. Nós. Eu. Todos. Tudo.