A minha mão segura aquilo em que acredito..
Sinuosos caminhos cruzam-se como facas espetadas na noite
Pouso a minha mão neste fardo que se aconchega a mim..era eu?
Ou era um nó na garganta a gorgolejar silêncios?
Nada..basta-me o vento a agarrar-se ao banco onde sento a solidão da tarde
A janela..os barcos...o relato das coisas simples
A seguir..vem o consolo de me desmoronar para cima de ti...
De me aproximar do mundo..de rir...de resistir a todas as gotas de veneno
Deambulo pelas desculpas..ninguém quer saber de segredos
Nem de corpos estendidos..a prestar vassalagem ao tempo
São estas coisas que nos fazem sentir...que somos química e astrologia
Silêncios estendidos sobre a água..borboletas..ócios...forças que não temos
A minha mão segura aquilo em que acredito...as horas...as perdas...o filtro da urgência
Tropeçamos nas ratoeiras dos rios...nas vozes...naquilo que se estende à nossa frente
O mundo é uma cegueira...um hieróglifo incapaz de explicar porque se amam os corpos
E na falta do riso...desembarcamos em espinhosas margens..agarrados ao voo das aves
Posso dar-te tudo o que quiseres...todas as hipóteses de seres nome e rumo
Hei-de fazer das tuas pálpebras...o meu olhar...o meu mundo...
E a imperdoável certeza de saber...coisa nenhuma...