A morte é a poesia desprovida de respiração
Calcárias areias falam-me dos afogados
Nas grutas a água escorre em lágrimas estalactizantes
Contemplo os pingos que caem das vozes de quartzo
O coração é uma eternidade reclamando pela fosforescência da luz
Um manto feito de rosas explode numa memória de cristal
O infinito é um pássaro alheado das suas belas penas
A morte é a poesia desprovida de respiração
Porque quem se afoga reveste-se de sal-gema
E fica para sempre deitado na indefinição de um mistério.