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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A noite funde-se num abafado coro ornamentado de estrelas

A noite funde-se num abafado coro ornamentado de estrelas
Furtivos ventres tremeluzem acesos...como chamas ateadas pelo vento
E profundos impulsos inconscientes...enchem-se de ternura e sorvem o prazer..
Todas as carícias são possíveis...todos os futuros são incertos...
Todos os ventos sopram assobiando nas estacas dos barcos encalhados no lodo
Todas as candeias assistem pressurosas à hora em que o frio corta como navalhas
Fatalmente todos os planos serão segredos descobertos...tudo escorregará da noite...
Todas as artes do amor serão reescritas...e todas as vidas serão possíveis....
Todos os costumes se rirão de nós...inacostumados à nossa mão protectora
Sermos apenas palhas e forros de casacos irritados...
Tudo estoirará num ritmado clamor de pontos cardeais...
Então... será essa a noite em que nos resgataremos de todos os mistérios
Seremos o elo mais terno...o coração mais forte...o corpo mais firme...
Porque não abandonaremos mais...aquele outro corpo que geme na palha....
Com a roupa em desalinho e as belas coxas desconjuntadas...
Aquele corpo desvairado como um pânico que se rebola em vapores de mel
Como se tivesse sido resgatado de um quadro de Paula Rego
E depois de cravejado com áureos salpicos de paz...
Conservasse uma beleza etérea...sofisticada...bruta....
Que arde numa chama de eterno estado de embriaguez amorosa....