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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A paisagem inclina-se sob o peso dos tempos

A paisagem inclina-se sob o peso dos tempos...puxamos a jangada como cavalos cegos

 

O mar nunca regressa...os pés curvam-se num desespero de instantes...bebemos lugares

 

Sonhei que me salvava dentro de um sopro...escondido numa rocha aquárica...

 

Tropel de fumo escalando as árvores...rumor de aves dentro da bebida...cascos de noites

 

Afundam-se os olhos no escuro...o Atlântico sopra furacões ...perdemos o pé...

 

Esquecemos o lugar onde temos o barco...desgastamos as fronteiras..sonhos sem lugar

 

O escuro desvenda as suas histórias...ouvimos os mortos quebrados pelas noites...

 

Barcos...gáveas...corais...dentes girando na boca...olhos de águas negras...chove...

 

As areias afastam-se de nós..vão ao encontro de outros lugares...escuto vozes...

 

Desenho arabescos nas árvores ensanguentadas...viscoso líquido alvar...afogo-me

 

Molho-me de entusiasmo...como erva..suco de azedas selvagens...amarelas...

 

Das minhas noites emergem grandes cavalos selvagens...o meu ventre segreda histórias

 

Abençoo a loucura que medita sobre um pedestal de ossos caídos...esburacados...

 

Não quero perder o meu lugar...sou o instante em que os cascos saltam sôfregos...

 

Bebem fumos...afogam-se em todos os mares...

 

Rio-me do escuro onde sobressaem grandes dentes de marfim...fumo a minha bebida

 

Bebo o meu fumo...a Terra gira...o fogo ama-me...o chão abre-se..

 

Mostra-me as suas maravilhas... Alice permanece no escuro...perdeu os olhos...

 

É agora uma enorme ave que me sonha...encerra a minha alma numa concha de ostra...

 

Sou uma visão apocalíptica...um sopro incomensurável...nunca mais regressarei!