A pele dos dias.
Não cabe em mim o tempo em que as árvores desfolham o destino
Não existe nem céu...nem beiral...nem lugar sem fim
Onde a impossível pétala rosa das manhãs seja apenas o começo de mim
E eu acorde maravilhado com a maresia que se cola às ruas vazias
Não há lugar...nem pátio...nem sombra
Onde o meu corpo desabe como um templo sem idade
E onde a infância renasça como um caminho ladeado por séculos de sonho
Em mim...repousam todos os lugares que não percorri
Em mim...crescem as sombras em palavras que desconheço
E o meu pensamento inventa pálpebras que não descerro
Porque os meus olhos se cobrem de gestos e de lábios...fechados
Desculpa...não percebi que o tempo era um solene raio de luz
E que na superfície das coisas...há uma abismo insondável
Que cai sobre a pele descarnada dos dias.