A penumbra da noite
Tu que gastas as subtilezas
Em palavras imprecisas
Tu que procuras descansar a alma
Que arde num ciúme negro
Abre o teu dia...
Deixa que as pedras falem
E as sombras se apaguem
Deixa que os sons translúcidos
Se diluam em cores alegres
O mundo existe...
As pequenas coisas também
Coisas que as palavras não descrevem...
Deixa que os aromas frescos
Que se soltam dos sentidos te apaziguem
O mundo existe....
As vozes também
Os sobressaltos são cinzentos
Mas tu...impreciso ser que acalenta desesperos
Prescinde desse fel
Que de ti escorre e queima a alma
Não há redomas nem grades
Que iluminem a frescura de um jardim em flor
Sim...deixa que a tua alma deite flores
Pelos olhos...por todos os poros
Torna-te uma flor
Deixa que a primavera expluda em ti
Dilui-te em amor...
Olha que o ciúme desce pelas veias
Queima...rebenta em terras secas
Seca-te...
E nunca conseguirás ser a acácia que na savana
Alimenta os seus espinhos com secura
E assim....gastarás os teus dias sem saber
Que o primeiro raio de luz
Que explodir na manhã
Te é dedicado
E que a penumbra da noite
É um esquecimento de ti...