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folhasdeluar

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A ponte

Há uma ponte colada às margens do rio

É nela que se escondem as palavras e as borboletas... ao anoitecer

Há uma melancolia acampada no frio do outono

Há folhas de silvados agressivos a reluzir na contraluz

As horas são semelhantes a mistérios de caminhos mágicos

O coração renasce na dissolução do entardecer

Falo com os insectos que caminham na noite

Escondo o frio debaixo da nudez do olhar

Digo aos plátanos que pressinto as suas raízes a beberem as águas nómadas

Provavelmente deixo marcas da minha pele na casca rugosa do carvalho

Colo a paisagens com intrincadas linhas circulares

Defino-as...como se fossem perfumes extraídos dos eucaliptos

Inúteis cromossomas espalham-se pelas gretas rochosas

Onde se acoita a sedução perfumada da vegetação

Mas vem uma luz agressiva de dentro das casas

Chega até mim como um mistério intrincado

Tenho mil anos e a minha crosta recorda-se das imagens feitas de saudades

Folhas amarelas...irreais..espalham-se pela terra como formigas em gestação

Não posso deixar escapar a humidade dos sonhos

Não posso deixar que as sementes fiquem cativas das águas

Abraço as oliveiras como se fossem minhas irmãs

Decomponho-me em caminhos que cheiram a louro

E reconheço-me.. sei que jamais o céu opaco tomará conta de mim.

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