A pulso estrangulei um rio..
A pulso estrangulei um rio..corrigi a haste onde a flor se empinava
A pulso partilhei a véspera dos dias frágeis..as amoras e o vento
A pulso inclinei o corpo para espreitar o ardor do sol sobre a dor das sombras
E agora respiro sobre este verão ...entornado pela cintura das tardes
Mas não peço ao meu corpo que me diga qual o fogo que o acende
Nem lhe pergunto pelos rouxinóis que embalam a secura das searas
Ainda oiço os lábios dos espelhos a dançar de alegria..a roer a melancolia
Enquanto o meu rosto assoma pelo aroma das tílias
Prefiro a insónia dos mastros a acenar pela janela
Prefiro aquele som de harpa sibilina a deleitar-se na água das nascentes
E a força das correntes a empurrar o meu corpo adormecido
Para longe..para mais longe...para o lugar onde os teus olhos me esperam
E onde os anos não passam de dias desertos...gastos...fartos...claramente azuis
Depois...arrumo o meu fascínio pelos prados..dentro de um silêncio de barco fatigado
E irrompo por dentro de obscuros espaços..como hoje..como ontem...como nunca...