A separação
Torna-se pequeno o ar quando os corpos se afastam
Tornam-se apertados os largos espaços
Quando a distância
Não tem um lugar por onde abrir caminho
Tudo é pequeno...
Os olhos são pequenos
Os lugares são pequenos
Os olhares são profundamente pequenos
Diminuídos...lentos
Os corações cultivam orações distantes
Dissolvidas na agonia da espera
Porque na lenta caminhada para o encontro
Todos os nossos sentimentos
Se dirigem para o mesmo lugar
Todos seguem para aquele pequenino espaço
Em forma de coração
Para aquela pequenina existência
Magoada pela intempérie da separação
E por isso...lançamos gritos distanciados
Que a tristeza enfeitou com aragens solitárias
Alastra-mo-nos em caminhadas pelas trevas sem idade
Estamos incompletos...sós
O ar é abafado...
A respiração poisou sobre uma superfície áspera
O corpo inclina-se...descai
Os braços agarram-se ao espaço vazio
Que agora abraçamos incorpóreos e silenciosos
A lentidão tomou conta de nós
Os fragmentos dos momentos felizes
Tomaram conta de nós
O céu que é de todos...não nos quer
Tudo se arrasta...o medo alastra
E o calor do sol sobe-nos à boca
A idade desaparece
Torna-mo-nos intemporais
Mas..naquele preciso momento
Em que o hálito da terra fresca...reencontrada
Volta a enfeitar os nossos olhos
Os nossos sentimentos...os nossos corpos
E esse tempo distanciado foi apenas
Um pequeno passo
Um pequeno fragmento de uma viagem pela distância
Que já esquecemos
Porque tudo voltou ao seu lugar
E porque a aragem nos trouxe a paz
O rosto lembrado...e a certeza
De que não há separação
Que escreva no tempo
Que é para sempre...