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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A solidão está gasta

E mesmo que corra toda a cidade

A procurar a tua mão

E mesmo que a queimadura que me invade

Se disfarce de tédio

E mesmo que esgravate na tua ausência

Todos os momentos que fomos

Sei que as minhas forças se dispersam por outros lugares

Sei que os meus lábios já não se aconchegam

Na fissura ambígua dos teus ombros

Sei que há um veneno

Sedento do sangue acre que se dispersa pelas ruas

E depois...

Também sei que a solidão está gasta

E mesmo que a memória se corte na lâmina do passado

Nada trará de volta...

O corpo...o sangue a ferver

O fascínio das visões tatuadas na pele

As certezas de que os sonhos

Ainda vivem na boca das flores

E nós..distantes..a avançar mar adentro

A afiar a a secura das vagas

A saber que a saliva é um veludo

Sobre a pele seca dos sargaços

Talvez ainda nos restem ilhas distantes

Areias desesperadas nas praias onde não fomos

Talvez o mar se torne sonâmbulo

E durma connosco na dilaceração das noites

Talvez os sonhos se tornem sagrados

E a lua se aproxime da chuva

Que cai no sangramento dos dias

E uma e outra vez as imagens vêm

As feridas retiram-se...os corpos adormecem

Plenos...como fotografias tirada sob uma luz extasiada

Ou como pequenas tatuagens de estrelas

Que se vêem em firmamentos de aflição...

E nós...sós

Completamente absortos...sedentos

Da tragédia do Homem.