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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

A velha oliveira

Se eu quiser chorar até encher os lagos

Com lágrimas feitas de incenso

Talvez os nevoentos abismos se inflamem

E despertem em salivas de doçura

Mas há caminhos onde o asfalto

Irradia a sua negrura intemporal

Como se nós fôssemos aves medonhas

Rugindo sobre cidades turvas.

 

Separam-se os corpos

E as lamas invadem as memórias

Curvamos o mundo

Dobramo-lo em suaves reflexos prateados

Consumindo-o para além de todas as luminescências das marés

Deixa-me abraçar esse mundo em crisálida

Deixa-me voar na chama alucinada de uma cartomante

Deixa-me deitar nas labaredas que decoram os tronos antigos

Assumo que sou um louco feito de marés

Onde se escrevem naufrágios com letras de perdição

Que ando descalço só para perceber a terra

Que ardo num tempo onde os desertos desembocam

E que suspendo o meu sorriso numa velha oliveira.

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