Abre-se um espaço na tarde
Abre-se um espaço na tarde
Desfalecem as fachadas em manchas cinzentas
O outono é uma vida...o céu é um estilhaço
A alegria um fogo redondo que corta a tarde
E todo o pano cai
E toda a noite acaba
E toda a eternidade se ateia nos nossos olhos.
Mesmo que um grito vibre e descreva uma órbita mortal
Mesmo que a luz se prenda ao eterno compasso dos passos
Mesmo que uma vela se acenda na penumbra das casas
Nada se detém no cerne da alma
Nada se repete na inconstância do sonho
Porque tudo é um esforço e uma contradição
Mesmo quando a cotovia nos embala com o seu canto
Mesmo quando a vida permanece frágil
Mesmo quando um jardim se despe
E as flores nos secam...os olhos.