Abstracções
Atravesso a nado a dureza do rio
O sol pesa-me como quando não consigo dizer o que sinto
Só me falta transpor o muro e escrever qualquer que não diga quem sou.
Recordo-me do voo ilíquido das aves
Levanto os olhos como quem não é nada
Só me falta vestir-me de naufrago e abrir caminho como um homem teimoso.
Pergunto por mim ao lodo onde se afundam os meus sentidos
Agarro-me à boia insuflável da abstracção
Só me falta a imolação do meu corpo abstracto
Nem sempre sou uma palavra
Às vezes sou um descampado
Um tatuador de dias
E...um denso caminho.