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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Aconteça o que acontecer

Há uma frente de guerra em cada degrau dos dias. E há uma maneira de fazer as coisas acontecerem. O tempo é exótico. A noite é exótica. Os barcos alexandrinos anunciam a chegada de um tempo colorido. A personagem que éramos vagueia por entre lucidez da tarde e o improviso de um trompete. Fazemos propostas. Dizemos que estamos vivos. E por instantes respiramos como peixes. Não fazemos nada que um animal não faça. Deitamos a morte para trás das costas. E arrastamos a nossa sensibilidade como quem escuta os blues de Sonny Terry and Brownie Magee. Depois...perdemos as verdades em qualquer lado. E aconteça o que acontecer...fechamos as pálpebras e arrastamos os pés. Assumimos que somos sublimes desamparadados. Que respiramos junto ao rodapé desfocado do tempo. E que por isso sentimos os outros...a desfilaram por nós...como manchas. Como músicas suspensas. Como danças perfeitas. Como poemas de Al Berto.

 

Junto aos mamilos entumecidos da noite há uma coagulação de buracos negros. A mente desperta como se chegasse aos extremos da irrealidade. E tudo converge. O sono. Uma aranha negra. Um disfarce. O sangue desbotado das fotografias. Uma criança que faz caretas. E tudo o que é abstrato transforma-se numa imensa sinfonia.