Ainda não nascemos..
O sol incide nos estames misteriosos do outono
Esvaziam-se segredos no cunho do mar
O escuro baloiça na areia...o vento treme com o sorriso das pedras
As raízes quebram-se no grito angustiado do pó
Todas as coisas se acendem perante a turbulência do medo
E há um grito exausto a acenar na discórdia das ruas
Há uma liberdade de ser ave vermelha..tatuada num corpo de centopeia
As casas sangram..as ruas soltam golfadas de solidão pelas pedras dos passeios
Gritamos como ontem...fugimos como amanhãs...
Rodamos a chave e desaparecemos na profundidade dos quartos
Dramáticos sonhos feitos de intensos arpões.... postam-se na vigília do silêncio
Um pouco das nossas mãos escorre pela música dos oceanos
Agarra as águas insatisfeitas...somos águas... insatisfeitas como penumbras
Isoladas como tranças na nostalgia dos olhos
E ainda não subimos todos os degraus
Ainda não secámos todas as fontes
Ainda não nascemos...para nós...