Ainda não nasceste
Crescem as praias na boca dos barcos
Frágeis cristais desenham silêncios
Ventos espreitam na sombra das águas
E tu...estátua queimada por oblíquos sóis
Falas-me do tempo
Em que os astros teciam húmidos amores
Tu que descansas o rosto na alma dos pássaros
Tu que adormeces na proibição das horas
E te esvais como um relógio sem tempo
Tu que és sol e mar e horizontes
Tu que cresces na aridez do silêncio
E que vais de água em água
De amanhecer em amanhecer
Como se corresses
Perante o olhar atónito do mundo
Dormes sobre a tua infância
Como um romântico explorador de penumbras
Dormes sobre os sorrisos
E as histórias que os invernos contam
Ainda não nasceste...e já dormes..