Aldeia fantasma
Há uma aldeia fantasma em cada um
Uma casa desabitada
Onde procuramos colocar a tela que pintamos
Sim...e há uma escrivaninha que nos obriga a escrever
A descrever …
A ausência de um lugar onde possamos voar
Mas que lugar é esse?
Que flores espreitam pela borda desse vaso?
Que curva é essa que não podemos contornar?
Procuramos a entrada para os dias mais longos
Queremos esses dias de luz sonora
Vestimos roupas que nos espelham...somos roupas
Umas coloridas outras talvez negras
Divagamos pelas ruas pedregosas dessa aldeia
Pelas ruas ladeadas por canteiros de hortências azuis
Encostadas a casas em ruínas
Ruas que são só nossas
Que miram os cumes anilados das montanhas mais distantes
E o verde matizado das florestas de carvalhos
Sim...vemos tudo isso
Vemos o vento solitário a empurrar as folhas caducas
Vemos o riacho que desliza pelas encostas da serra
Sim...vemos tudo isso
Mas não nos vemos a nós
Porque já partimos...