Alma descoberta..
Naufraguei na penumbra atordoada dos oceanos..queimei os olhos com presságios
No frio..descobri a luz fosca de uns lábios..um sufoco de sangue latente
Como uma notícia soprada pela rubra ventania da tarde..
Cheguei para descobrir o medo
Naufraguei para atordoar os sentidos
Do meu peito jorrava uma felicidade doirada..um agonizar de flores perdidas
No centro de mim estava plantada a bala que me matou
Bala-paixão feita de um amargo sopro...o medo e a flor..lado a lado
Os meus gestos enroscavam-se na tarde...perfuravam o mar...sufocavam os oceanos
Aprendi contigo a desistir do choro.. a não perguntar pela poeira que entrava pela janela
Aprendi a falar com as absurdas portas feitas de espuma..
A deslizar pela fímbria solene das cidades
A pernoitar nos sítios onde o sangue sufoca as gargantas
Corpo e espírito abertos ao temporal
Alma descoberta..nu esplendor de solidão
Lábios que já não perguntam pela manhã...sopros ensolarados de dias felizes
De tudo desisti...até das balas amargas que ferem a imaginação
Hoje...sou o centro de uma luz que perpassa pelas portas atordoadas
Procuro-te...para que me voltes a lembrar de mim....