Alma solta
Hoje saí à rua...e vi que as horas não passavam de estrelas
Caminhei junto ao rio...esperei pelas rugas...contei-lhes histórias
Disse-lhes que é fácil ser feliz...basta abraçar e acariciar os grandes espaços
E que é facílimo ser herói...
Quando a dor é apenas um estranho assombro a enfrentar os dias
A correr pelos dias...a corroer a pele dura e calejada das tardes
A dizer-me que não há infelicidade nem flores que não murchem...
Nem há mãos que desistam das carícias.
Hoje saí à rua...e os meus olhos eram pepitas brilhando na clausura dos sentidos
Caminhei junto ao rio...esperei pelos passos das garças..
Descobri na água o espelho da alma
Contei-lhe histórias...disse-lhe que é fácil ser alma..
Basta um pouco de ar e de perfume
E no meio de tudo isto...
Até me esqueci de dizer que não há grilhetas nas cores do horizonte
Que os abraços são bocadinhos de tempo preso na solidão dos corpos
Esperei tanto tempo para passear por mim...
Que agora já não preciso mais da coragem das tardes
Porque o vento me carregou...
Com todas as possibilidades de ser ave à solta na minha imensidão
Bem pior seria impedir-me de carregar a minha vida...
Assustar-me com pequenos sonhos
E saber que nada me impede de ser eterno...