Ancestralidade
Ancestral infinitude de um mistério que voa no bico de uma ave nocturna
E a minha voz? De onde vem a minha voz? Que ecos explodem na minha garganta?
Inverno... semáforo desligado... lâmpada onde corre a luz negra...
Profundos jogos que se desfazem numa colossal centelha que vibra num peito alvo
Reveses de vida que desaguam numa planície de esmalte...
Aquática sacerdotisa do impossível
É possível que nas tardes se prolongue a vida... que a noite se feche numa morte sólida
E que a dor se encha de buracos onde se apagam os fragmentos de um céu cósmico
Que as águas se turvem sob uma humidade suspensa numa luz errática...
E nós sopremos as cinzas cintilantes de uma ave suspensa num raio de luz...
Para longe...para bem longe...
De todos os mistérios ecoantes nas colinas azuis...