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folhasdeluar

Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

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Uma coisa é uma explicabilidade inexplicável...Hugo von Hofmannsthal

Apenas me comove o silêncio

Ardo num incêndio

Que me embriaga os dias tumultuosos

Ardo naquelas labaredas de côr

Que me saúdam como irmãs

Porque me perdi nos campos solenes

E com ímpetos exaltados

Ergo os olhos aos céus

E vejo campos imensos e escuros

Sem solenidade.

 

Perdi-me num tempo

Em que desconhecia o tempo

Perdi-me nas horas que pensava serem infinitas

Saudei o abismo...enfrentei o breu

Com toda a exaltação da juventude.

 

Agora...

Banhado nas águas que o orvalho não quer

Carrego na lapela a flor épica

Do delírio e da desilusão

Não sou mais o cavaleiro

Que caiu do sol sobre um mar manso

Não sou mais o passante

Que recebe o tributo ansioso de um corpo ao luar

Nem a testemunha comovida

Do teu corpo solene e ansioso

Hoje apenas me entrego ao silêncio

Apenas me comove o silêncio

Apenas me embriaga o silêncio

Apenas reluz em mim o silêncio

Porque a vida me cobriu

Com a manta esfarrapada do esquecimento

E das minha mãos febris

Apenas sai a noite.

 

Como se fosse um tributo ansioso

Ao sol que tarda em brilhar

Como se fosse

Um misterioso pensamento desencantado

Pelas vagas que sopram sobre o que resta de mim

Pelas emoções que crescem sobre a minha pele

E que ao fim do dia apenas se comovem

Com a despedida tremenda de um esplendor

Que se extingue lentamente

Com o canto do rouxinol

Esforço-me por adormecer

Nos braços amados da solidão....

 

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