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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Apesar de tudo

Apesar de tudo ainda sinto o vento a tossir o perfume da terra

Ainda me espanto com geometria de um céu empíreo

Ainda descanso os olhos nas arestas de um jardim com cio

O tempo...essa turbulência que se grava nas paredes dos girassóis

Tem a enormidade de um coração que lambe as feridas das cidades

Mas tu... és como uma planta... ou um mês... ou um olhar ferido pelo reflexo do espelho

Apesar de tudo cresces muito para além de mim

Vejo-te como uma transparência que arde no frio dos dias

Como uma polpa que transpira o suco de uma praia deserta

Noto que os oceanos embalam sonolentas memórias

Que o medo estremece na difusividade da areia

Que na tua tundra se derrama o meu amor de cometa ferido

Como um obscuro gemido de passado sem rumo...