Aridez...
A tempestade agitava a noite tétrica e brutal
Os passos seguiam caminhos que o mar esquecera
Algo de si se passeava pela densa escuridão
Como uma nódoa a alastrar na densidade do coração
E sentiu um rodopiar de tempo
Uma invenção de espaço
Uma inversão de alma
Uma íntima porta a abrir-se
Para a alucinação do entardecer.
E de espinhos era feita a sua esperança
Centrífugos anéis de fogo consumiam os seus passos
Respirou fundo...
Aspirou o absurdo dilacerar da sua imagem
Renasceu como uma criança na margem de um riacho
E sentiu a perfeita sintonia da luz
A emoldurar a sua condição de enfermo
A sua diluição na vasta aurora
E só lhe ficou a impressão de um acre sabor
De um coração a sair-lhe em golfadas pela alma.