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folhasdeluar

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Aromas de outono

Pairam no ar os aromas de outono. Segues como quem trás dentro de si a liberdade do silêncio. Trazes contigo a luz mais alta. A verticalidade. A exumação da solidão. Uma outra vida floresce dentro de ti. Um outro espanto adorna o teu olhar. Nada te perturba. Nem a dureza do sol. Nem a evaporação dos sonhos. Sabes que por detrás das águas há sempre uma claridade. Por detrás do sono espreita sempre um sepulcro. E a sombra dos dias assoma sempre em cada manhã. Podes ser duro. Poder ser pedra. Podes ser imortal. Podes passear sob o canto das cigarras. E adormecer sobre a duplicidade de ti. És duplo. Triplo. És todas as coisas que se evaporam.

 

O medo. A lua. A revelação de uma fúria. Não tens remorsos por não sentir os dias. As pedras aquecem na imortalidade da luz. Essa luz que tem vida própria. A única coisa que desde que nasce nunca morre. Percorre o infinito. Infinitamente. Essa mesma luz que agora está contigo...de passagem.

 

Um dia subirás essa escada de feita com a palidez do sal. Um dia passarás pelas palavras como quem desce de um fogo. Em vão tentarás adormecer. Em vão serás...porque já foste.