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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Arrepio.

 

Moro numa espessa camada de tempo

Ato-me à imensa fantasia da noite...

 

Quando estava triste...de mim pendia um doce sonho

Partir para os recantos mais remotos...e soltar um agudo grito de liberdade

Hoje...não preciso do grito...tenho o frio do inverno por companhia

Hoje...já sei o que sinto...e nada me soa a passado...

Hoje...sento-me ao meu lado...

E vejo como tudo mudou.

 

Falar de mim é o mesmo que dizer que a mim me falto

É o mesmo que nascer numa pintura de Dali

É o mesmo que vogar numa onda desconhecida

E sentir que estou mesmo...ali...

 

Hoje de manhã juro que vi a orla do tempo a passar

E que nesta neblina feita de barcos e vidraças

Mesmo lá por detrás...

Estava a velhice a acenar...

E o mar...esse mediterrâneo insaciável

Esperava...sempre... ver-me passar.

 

Mergulho na luz do fim da tarde

Como quem levanta os olhos para o espanto

Fissura de mim...catedral de paz...

Onde está essa tela que adivinho ver

Onde está o rosto que adivinho ser...

Teu...

 

Há uma tragédia em cada pássaro

Há uma deriva em cada retrato

Há uma terra calma..em cada alma

E uma hora branca em cada frio

E dentro de mim um...arrepio.